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O controle fabril por operários no centro urbano de Joinville-SC

24 marzo, 2025

Por Francisco Lino de Aviz Neto |
CRÍTICA URBANA N. 35 |

O controle operário da produção apresenta-se como uma ação fora da ordem sob a égide capitalista. Entretanto, há formas ainda mais extraordinárias de realização desta espécie de empreendimento urbano, causador de tumulto e desafiador do poder burguês. Foi isso que os comunistas do Movimento das Fábricas Ocupadas provocaram na Cia. Industrial de Plásticos Cipla, na cidade de Joinville-SC, no sul do Brasil, entre 2002 e 2007.

Anteriormente já habitada por luso-brasileiros e negros escravizados, Joinville é a antiga Colônia Dona Francisca da Companhia Colonizadora de Hamburgo, inaugurada oficialmente em 1851. Tornou-se o município mais populoso do estado brasileiro de Santa Catarina e, no século 20, desenvolveu-se como um centro urbano industrial de grandes proporções para sua região, recebendo imigrantes de inúmeros lugares.

Entrada principal da Fábrica Cipla ocupada em Joinville. Foto: Acervo do Movimento das Fábricas Ocupadas.

A Cidade e a Fábrica

Um dos expoentes fabris da assim chamada “Manchester Catarinense” surgiu em 1963, a Cia. Industrial de Plásticos Cipla. Esse empreendimento de João Hansen Júnior, fundador da multinacional Tigre, consolidou-se na limítrofe da zona sul ao centro da cidade, passando a ser paisagem industrial em um espaço de ampla circulação de pessoas.

Nos anos 1980, a Cipla passou a ser propriedade do genro de Hansen Júnior, o empresário Luís Batschauer, sendo nacionalmente reconhecida como “a melhor do Plástico e Borracha”. Porém, durante a década de 1990, período de recessão econômica na América Latina, entrou em estado de falência. Desta crise geradora de conflitos trabalhistas e jurídicos, explodem as necessidades proletárias do controle fabril pelos operários da Cipla.

 

O controle operário e comunista

Em outubro de 2002, após uma série de denúncias, como atrasos salariais e direitos trabalhistas a assédios aos trabalhadores, uma greve é organizada superando a própria direção sindical. Tratou-se de uma paralisação de oito dias que durou cinco anos de ocupação e controle fabril.

Orientados politicamente por uma organização política comunista, àquela altura chamada Corrente O Trabalho (OT), posteriormente, Esquerda Marxista (EM) e, atualmente, Organização Comunista Internacionalista (OCI) – seção brasileira da Internacional Comunista Revolucionária, essa experiência fundou o Movimento das Fábricas Ocupadas (MFO), atuante em mais de 30 fábricas ocupadas. Alvo de perseguições, calúnias e toda sorte de ataques, a Cipla ocupada e o MFO marcam por seu programa político extraordinário, que possuiu caráter anticooperativista e com horizonte revolucionário.

Seus dirigentes políticos, eleitos pelos operários, exigiam do governo Lula (2002-2007) a estatização da fábrica pela manutenção dos mil postos de trabalho, combatiam a proposta reformista de cooperativas e colocavam na ordem do dia a luta pelo poder econômico e político. Nestes cinco anos de gestão operária e comunista, enfrentaram dificuldades financeiras, jurídicas e políticas, tanto pelas ações burguesas, quanto pelas ações da direção do Partido dos Trabalhadores (PT).

Ainda assim, os Controladores, como eram chamados, conquistaram a redução da jornada de trabalho sem a redução salarial, o aumento da produção, contratos comerciais internacionais e o reconhecimento social em uma cidade que respira, em suas ações, arquiteturas e relações urbanas o pulsar fabril.

 

O controle burguês da memória na “Cidade da Ordem”

A Cidade da Ordem: esta é uma das alcunhas de Joinville, segundo sua historiografia oficial. A burguesia local buscou ao longo do século 20 até nossos dias produzir uma fantasiosa narrativa onde a luta de classes não existiria nestas pseudoterras teuto-brasileiras.

Esse apagamento da luta de classes, ou quando não possível distorção da mesma, entre casas enxaimel, chaminés e bicicletas, evidentemente também foi empreendido contra a ocupação proletária e comunista em Joinville. De páginas de jornais ao combate dos porta-vozes do empresariado e da própria esquerda joinvilense, a experiência é pouco rememorada. A atuação protagonizada por estes operários e comunistas, que foi interditada pela ação da Polícia Federal em maio de 2007, com a anuência do governo Lula e dirigentes petistas da cidade, passa pelo controle burguês da memória e da história.

Contudo, a memória dos atores principais dessa experiência pode ser abordada como processo integrante da conscientização de classe em uma cidade que, na realidade, não é da ordem, mas, como já demonstrado, combatente à ordem capitalista. Ouvir os silenciamentos e vocalizar as fábricas ocupadas em Joinville é desvelar as veias de uma cidade industrial que vibra em luta de classes.

_________________
Para saber mais:

Francisco Lino de Aviz Neto. O (anti)patrimônio industrial: as ocupações fabris em Joinville, SC (2002-2007). Francisco Lino de Aviz Neto; orientação Dra. Mariluci Neis Carelli; coorientação Dra. Daniela Pistorello. Joinville: UNIVILLE, 2024. Disponível em: https://www.univille.edu.br/account/mpcs/VirtualDisk.html/downloadDirect/3845244/Dissertacao_MPCS_-_Francisco_Lino_de_Aviz_Neto_-_Final.pdf


Nota sobre o autor

Francisco Lino de Aviz Neto é professor de História, licenciado pela Universidade da Região de Joinville (2021) e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade da mesma Universidade. Investiga temas acerca do Movimento Operário e da História do Brasil.

Para citar este artículo:
Francisco Lino de Aviz Neto. O controle fabril por operários no centro urbano de Joinville-SC. Crítica Urbana. Revista de Estudios Urbanos y Territoriales Vol. 8, núm. 35, Producción fabril para la producción de la vida. A Coruña: Crítica Urbana, marzo 2025.

Critica Urbana n. 35
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